O disco intervertebral é uma substância cartilaginosa entre os corpos vertebrais e é responsável pela absorção do impacto causado pelo movimento do organismo, onde sua consistência assemelha-se à borracha. Sua parte mais periférica é chamada de ânulo fibroso, mais resistente e a parte mais central é chamada de núcleo pulposo. A causa exata da hérnia de disco é difícil de ser determinada, mas pode estar relacionada com traumatismos, sedentarismo, obesidade, hereditariedade, mal-formações congênitas, etc. O que se sabe é que há uma diminuição da circulação do disco, que desidrata (perde água), reduzindo sua capacidade de absorção do impacto, tornando-se quebradiço e, conseqüentemente, empurrando o ligamento longitudinal anterior para a região posterior, causando uma compressão das raízes nervosas ou até da medula.
Quando a hérnia é pequena e não causa compressão importante, chamamos de protusão. Já quando a mesma apresenta maiores proporções, mas não ultrapassa o ligamento longitudinal anterior, chamamos de hérnia contida. A hérnia extrusa é aquela que ultrapassa os limites do ligamento, apresentando fragmento de disco no canal medular. Estas definições são importantes ao se discutir os diversos tipos de tratamentos.
Todos os tratamentos conservadores (não cirúrgicos) existentes no mercado não tratam a causa, mas sim a conseqüência, ou seja, a dor causada pela hérnia. Consequentemente, fisioterapia, hidroterapia, acupuntura, anti-inflamatórios, analgésicos, massagem, RPG, Holfing, Pillates ou infiltrações, servem para o tratamento da dor do paciente, mas não conseguem extrair a hérnia de disco. O que ocorre é que os tratamentos eliminam a crise dolorosa, mas não curam a hérnia de disco, onde o paciente pode apresentar novas crises dolorosas. Isto não quer dizer que um dia toda hérnia de disco deverá ser operada. Todos estes tratamentos devem ser tentados antes de uma cirurgia, sempre que houver uma crise dolorosa. As indicações de cirurgia absolutas são: presença de lesão neurológica evolutiva e dor intratável, ou seja, a indicação da cirurgia é feita pelo próprio paciente, pois só ele sabe o quanto a hérnia está incomodando a sua vida diária.
Caso o paciente já tenha realizado todos os tratamentos possíveis, podemos indicar o tratamento cirúrgico.
As hérnias de disco também apresentam diferentes tratamentos cirúrgicos dependendo de sua localização. A recidiva de hérnia de disco pós-operatória ocorre em cerca de dez porcento dos pacientes e é um fator agravante no resultado das cirurgias.
As hérnias lombares aparecem em cerca de 10% da população em geral, mas apenas três porcento delas necessitam de cirurgia.
Os tratamentos existentes são:
Infiltrações peri-durais ou facetárias: apesar de não ser um tipo de cirurgia, trata-se de método invasivo, utilizando-se agulhas longas, como para bloqueios anestésicos, realizadas no centro cirúrgico. São amplamente utilizadas, mas de eficácia temporária, pois a durabilidade depende do tempo de ação da droga injetada (anestésicos – poucas horas / corticóides – alguns dias), além dos efeitos colaterais com o uso prolongado destes medicamentos.
Nucleoplastia: este método está indicado apenas nas hérnias contidas, uma vez que nas extrusas pode ocorrer queimaduras na medula, uma vez que há comunicação com a mesma. Pode ser realizado por meio de radiofreqüência ou laser. Consiste em introduzir uma agulha no interior do disco, disparando-se o laser ou a radio-frequência. Isto causaria uma desintegração local, com pressão negativa no disco, levando a uma redução da hérnia. Este método é rápido e seguro, se realizado por cirurgião de coluna experiente, onde se utiliza anestesia local, porém apresenta eficácia pequena (cerca de 30%).
Artroscopia e laser: chamada também de discectomia percutânea, está indicada nas hérnias lombares foraminais, onde se realiza a introdução de uma cânula na região lateral da coluna, eliminando-se o disco com o uso de laser Holmium, sob anestesia local e uma sedação leve, com a desvantagem de ser uma cirurgia mais longa (duas a três horas), com o paciente permanecendo acordado.
Discectomia por via aberta: podendo ser realizada através de aparelho fechado (Destandeau), microdiscectomia (com microscópio) ou aberta, trata-se de procedimento de cerca de 40 minutos, estando indicado para as hérnias discais contidas centrais e laterais grandes ou nas hérnias extrusas.
Artroplastia: utilizadas tanto na coluna cervical, como na lombar, é um método recente, que foi introduzido no Brasil em 2002. Consiste na troca do disco degenerado por um disco artificial, onde a vantagem é a de preservar o movimento local, contra-indicada em pacientes com artrose facetária, estenose do canal medular (estreitamento), instabilidades (espondilolistese e retrolistese), processos infecciosos anteriores e idade avançada (maior de 65 anos).
Artrodese: é quando se realiza a fusão da coluna, geralmente através de os materiais de osteossíntese (parafusos pediculares e cages), que variam de acordo com a qualidade do osso da coluna operada, via de acesso empregada (anterior, posterior ou póstero-lateral) ou patologia da coluna que necessita de cirurgia. A artrodese da coluna depende do fator instabilidade. Esta pode ser já existente, como no caso da espondilolistese (congênita, traumática ou degenerativa), onde o melhor exame é a radiografia dinâmica (flexão, extensão, lateral direita e esquerda), pois demonstra qualquer desalinhamento da coluna. A outra indicação de artrodese é conseqüente à agressão que vai ser empregada no tratamento cirúrgico da patologia da coluna. Em pacientes com estenose ou estreitamento do canal, seja esta de origem ligamentar, tumoral, óssea ou degenerativa, há necessidade de grande ressecção de elementos da coluna para descompressão da medula ou cauda eqüina, atingindo geralmente as facetas articulares, o que leva à instabilidade, tornando a artrodese necessária. Outra indicação de artrodese ocorre nas escolioses, para manutenção da correção da curva. #hérniadedisco #hérnia #ortopedia #ortopedista #ortopedistasp #medicinadoesporte #coluna
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